alguns poemas
(Luz)ente
O prazer das paletas
Cadenciadas no tom de mancha imaculada
Reluzente e oblíqua
Quase uma balaustrada
Intangível e nos meus olhos atiçada
Me passam no ombro em sinais atentos
São luzes feito espadas celestes
Flechas trazidas pelos ventos
Guerreiam com as sombras
Mas calmas vencem
Serenas acendem
Deslumbramento
Ode selvagem
Selvagem eu vou te vislumbrando nos meandros dos teus rincões
Onde tu se devasta na imensidão de uma estrada
Do além e do porvir
Do presente ao que me faz sentir
Entre os aquilos, istos e estes da tua fala atada
Os escorregos em emoções
E também as veias em expressões
Atenta ao véu de maia
Aceso mas invisível
A vontade se fazendo audível
Vida ativa em som de alfaia
E o desejo adormecendo fera
A acordar um dia como pantera
Nos açudes do teu corpo em rio
Transbordante e vasta eu te encarno
Tocando tua ardência exequível
Teu corpo é finito eterno
Sacro vil
Fonte vasta de beleza
Mas também dela o cio
Fenda
Eu sou uma ruptura
Uma fenda da janela cortada pelo sol
Tabua fundida, lavrada e cravada de Moisés
Marcada pelo passado e destituída do destino
Extemporâneo tempo
Ausência dele
Rompimento
Não encontro meios
Também nem saberia identificar os fins
Talho, escrevo e subsescrevo
Na terra
E desenho no mar
Rachadura
Fenda
Traço e reta
O perfuro
De onde tudo transborda
Afogado na palavra
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